Um novo e vasto
horizonte de possibilidades, rumo “ao infinito e além!”
ATENÇÃO! Contém possíveis spoilers de Toy Story 4.
Em
2014, quando a Pixar anunciou que faria a quarta sequência de Toy Story,
muitos fãs ficaram preocupados. A saga que, a princípio, havia se fechado em
seu terceiro filme de maneira tão marcante e emocionante, para esses fãs, dificilmente
se manteria no mesmo nível e, mais ainda, superaria seus antecessores. Na
última quinta-feira, 20/06, o filme estreou nos cinemas de todo mundo. A partir
de agora, o estúdio deve ter pela frente um longo período sem produzir
continuações, focando seus esforços apenas em histórias originais.
Nesta
nova aventura, Bonnie (Madeleine McGraw) precisa ir à adaptação do jardim de
infância. Apesar da relutância e timidez, a menina enfrenta o dia e as novas
companhias com a ajuda extra do xerife Woody (Tom Hanks). Criativa, a menina
faz um novo brinquedo na aula de artesanato, o atrapalhado e deslocado Garfinho
(Tony Hale). O novo personagem é o responsável pelo chamado à aventura aos
personagens centrais, e é a partir desse chamado que tudo começa a mudar na
história dos brinquedos.
Garfinho (Tony Hale), brinquedo criado por Bonnie (Madeleine McGraw), é o responsável pelo chamado à aventura em Toy Story 4. |
Garfinho,
apesar de ser um dos elementos mais cômicos do longa, é responsável por trazer
questões profundas que, de certa forma, ajudam Woody a tomar uma importante decisão
já no fim do filme (sem me estender muito por aqui, para não entregar a grande
reviravolta da história), que traz para a saga ainda mais possibilidades narrativas
para o futuro.
Por
falar em grandes coisas, Toy Story 4 surgiu prometendo muito. Ano passado,
por exemplo, uma fala de Tim Allen (voz de Buzz Lightyear) deixou muita gente
de cabelo em pé ao comparar a futura animação com Vingadores: Guerra
Infinita. Numa entrevista ao programa da CBS, The Talk, Allen disse que “Se
você é um fã de filmes de super-heróis, Guerra Infinita não pareceu que
funcionaria, mas fez sentido. Toy Story 4 faz a mesma coisa”.
Ora,
se o antecessor de Vingadores: Ultimato trouxe tanto caos ao seu
universo e o próprio Toy Story 3 mudou tanta coisa na vida dos
brinquedos, até então, do Andy, o que deveríamos, então, esperar? Sofrimento? Desespero?
Morte? Nada disso! Toy Story 4 é mais um ousado e acertado – e deve ser
muito bem-sucedido nas próximas semanas – grande momento da Pixar. Ousado
porque é preciso coragem para mexer num universo que já havia sido
(teoricamente) finalizado de maneira tão brilhante, e acertado porque em nada
decepciona com relação aos anteriores.
O novo filme da Pixar é esteticamente perfeito, rico em detalhes e recheado de easter eggs. |
Para
além de todos os méritos técnicos e artísticos – é só procurar por alguns
pôsteres e imagens oficiais do filme divulgadas pelo estúdio nas últimas
semanas e ver o nível absurdo de detalhes dos cenários e personagens –, o filme
é, assim como seu antecessor, uma explosão de nostalgia (sem contar os inúmeros
easter eggs espalhados pelo filme – mais alguém viu a Boo na cena do
jardim de infância da Bonnie e, depois, no parque de diversões?) e lições de moral
que servem não apenas para o público infanto-juvenil, como também para os
adultos que cresceram junto de Andy.
Lições
estas que vêm das questões que Garfinho levanta a respeito da natureza de sua
existência; da sinceridade das intenções dúbias de Gabby Gabby (Christina
Hendricks); da insistência de Woody em colocar as necessidades dos outros à frente
das suas; do ressurgimento de Betty (Annie Potts) como brinquedo perdido, mas, mesmo assim, mais forte do que nunca; e,
principalmente (e além de outras fontes por onde nascem as reflexões), do real
significado de “estar perdido” e do que é, de fato, “se encontrar”.
O retorno de Betty como brinquedo perdido tem influência direta no fim do filme. |
Ainda
mais do que os outros títulos da saga, Toy Story 4 nos tira do lugar
comum das animações que propõem pouca reflexão e nos faz questionar nossa própria
vida sem deixar de ser divertido, nostálgico, muito emocionante, tecnicamente
impecável e, até mesmo, político.
Texto
por Bruno Carvalho
Trailer:
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