Mulan | live action da percussora do empoderamento feminino no universo das princesas

Foto disponibilizada no Instagram oficial da Disney 


O poder da animação de Mulan em 1998 foi inegável, a história da guerreira mudou a visão de todas as garotas daquela geração. Diferente de todos os desenhos que as crianças dos anos 90 haviam visto, Mulan salva-se a si mesmo e ao seu país. 

Para todas as garotas, até 1998, as únicas referencias vinha de filmes de princesas em que o príncipe é o herói no fim do dia e para a princesa resta apenas a história de amor e o brilho do casamento. Ok, a Mulher-Maravilha e outras heroínas já estavam ai quebrando paradigmas antes da Mulan chegar, mas ainda se escondiam atrás de um “dom” a qual tornava toda a trama impossível para pequenas garotas sonharem, eram e são importantes, sem dúvidas, mas Mulan traz um sopro novo, uma garota criada em uma pequena vila, ela não se encaixa nos padrões e está sempre sendo reprimida. Ela é normal, ela quebra todos os paradigmas culturais e mostra que uma garota pode se salvar e trazer honra para sua família e para si mesma sem precisar ser a sombra de um homem. 

As famigeradas princesas vieram com outra cara depois dela, Mulan iniciou uma era de princesas e personagens femininas fortes na Disney e nos desenhos em geral. Elsa, Merida, Moana e tantas outras, não estariam aqui, pelo menos não da forma que conhecemos, se não tivesse existido uma percussora. 

O live action da guerreira chinesa é diferente de todos os remakes feitos pela Disney, perde o lado cômico, principalmente em respeito à cultura Chinesa e reestrutura a lenda folclórica chinesa que conta a história da guerreira Hua Mulan.

Com um viés mais sério o longa deixa de lado as músicas, o Gri-Li e o Mushu, que foram muito criticados na versão animada e foram considerados insultos a cultura chinesa. A avó e o Capitão Lee Shang, também foram substituídos por personagens que se enquadram melhor na trama. Fora algumas mudanças de nome, como por exemplo o vilão Shan-Yu, que manteve as características, mas passou a se chamar Böri Khan. 

Fazendo jus ao grande orçamento, o filme possui um figurino e fotografia impecável, sem contar a caracterização perfeita da China antiga da dinastia Tang (618-907). O roteiro que não deixa espaço para dúvidas, conseguiu amarrar os pontos e construir uma história sem falhas, no que diz as mudanças que foram feitas. Mesmo sem algumas características marcantes da animação o filme ainda continua fantástico e com a mesma mensagem forte, ouso dizer que a falta de um par romântico tão explicito como o Shang, deu ainda mais espaço para a heroína se consagrar. 

Canções marcantes como a da cena em que Mulan é levada até a casamenteira, são sutis e aparecem apenas de forma instrumental ao fundo, para os que sabem cantar todas as músicas da animação, vão conseguir reconhecer o ritmo de algumas delas. 

O filme mostra de uma forma mais profunda a origem de Mulan, como a força de um guerreiro, ou o que descrevem “Chi” está presente nela desde a infância. Seu pai, Zhou (Tzi Ma), percebe os traços da filha e permite que a pequena desenvolva os seus talentos, a contra gosto de sua mãe Li (Rosalind Chao). Como a cultura social começa a recriminar a criação de Mulan, o pai que antes empoderava a filha, pede para que ela esconda os seus talentos quando se aproxima da idade em que terá que se casar para trazer honra à família. 

Depois de ser podada de todas as formas e lutar para não ser a desonra da família, a jovem acaba retraindo o seu Chi e assim se impedindo de evoluir. Tudo muda quando Böri Khan (Jason Scott Lee) volta a ameaçar o Imperador (Jet Li), a fim de vingar o próprio pai, que foi derrotado e morto. O imperador precisa de um exército para combater o vilão e envia um mandato para todas as aldeias em que convoca um homem de cada família para servir ao Exército Imperial durante a guerra. 

Hua Mulan vendo que o seu pai debilitado não sobreviveria a outra guerra, rouba sua espada, armadura e cavalo e vai em seu lugar para guerra, se passando por um filho homem da família Hua. O Live action foca na evolução da personagem como guerreira, que por ter sido retraída e por estar escondida nas sombras de Hua Jun - nome que ela usa para se passar por um rapaz -, precisa ser moldada e treinada. 

A guerreira ressurge como uma fênix aos poucos, mas seu grande salto se da em seu primeiro confronto com Xianniang (Gong Li), uma poderosa guerreira que luta no exército inimigo, ao lado de Böri. A “bruxa”, como costumam chamar as mulheres que lutam, confronta a identidade de Mulan, ela é a primeira a descobrir e o principal incentivo para a libertação da heroína.  

Mulan de 2020 continua sendo um símbolo para todas as garotas que irão vê-la pela primeira vez e para as mulheres que cresceram com ela, com uma história mais estruturada e que mostra em detalhes uma mulher lutando para não ser reprimida a um padrão social, a guerreira faz com que sua história, mesmo sendo retratada na China antiga de (618-907), ainda seja representativa e um símbolo de empoderamento, não apenas para jovens mulheres, mas principalmente como um símbolo de representatividade asiática.

Acho que a principal forma de descrever esse live action é dizer que a criança de 98 cresceu e amadureceu. É como olharmos para as crianças que fomos nessa época e percebemos o quanto amadurecemos até hoje. Uma outra geração, com certeza, continuara agradecendo a Mulan por mudar completamente a sua forma de enxergar os seus valores, a sociedade e as mudanças que ainda são de extrema necessidade para conquistarmos um mundo igualitário. 

O filme está disponível apenas em países que possuem o streaming Disney+, onde pode ser comprado a parte na plataforma. O streaming estreia no Brasil no dia 17 de novembro, mas ainda não se sabe se o longa estará disponível na plataforma brasileira. 

 Devido ao atual momento de pandemia causado por conta do Covid-19, os cinemas se encontram fechados ao redor do mundo, dessa forma a Disney também inova e faz pela primeira vez um lançamento completamente online através do seu próprio streaming. 


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